Publicado em:
16/1/2024
A cannabis medicinal é um campo em crescimento que abraça antigos conhecimentos e moderna ciência para promover a saúde e o bem-estar.
Cannabis Medicinal: Entenda o Fundamento e as Aplicações
A cannabis medicinal refere-se ao uso de cannabis e seus constituintes bioativos, os canabinoides, como tratamento de diversas condições médicas. A planta Cannabis sativa contém mais de uma centena de canabinoides, sendo os mais conhecidos o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), ambos com suas características e potencial terapêutico.
Os canabinoides interagem com o sistema endocanabinoide do corpo, que desempenha um papel importante na regulação de várias funções fisiológicas, incluindo dor, humor, apetite e memória. O THC é conhecido por seus efeitos psicoativos, enquanto o CBD não tem efeito intoxicante e é estudado por suas propriedades ansiolíticas, anticonvulsivantes e anti-inflamatórias.
A cannabis medicinal é frequentemente utilizada para tratar dor crônica, uma das indicações mais comuns e respaldadas por estudos. Segundo pesquisas publicadas em revistas como "The Journal of Pain", canabinoides podem atuar sobre receptores na nervos para diminuir a percepção da dor.
Um dos mais notórios usos do CBD é no tratamento de formas severas de epilepsia, como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut. A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou um medicamento à base de CBD, o Epidiolex, para o tratamento dessas condições.
A cannabis medicinal tem mostrado promessa no alívio de sintomas musculares e da dor associada à esclerose múltipla. O Sativex, um spray nasal composto de uma combinação de THC e CBD, é um exemplo de tratamento farmacológico derivado da cannabis já aprovado em diversos países.
O uso de canabinoides pode reduzir náuseas e vômitos em pacientes submetidos à quimioterapia, melhorando sua qualidade de vida. Além disso, estudos preliminares apontam o potencial da cannabis na inibição do crescimento de células tumorais.
A cannabis medicinal pode ser consumida de várias maneiras, incluindo inalação (fumo ou vaporização), ingestão (em forma de cápsulas, comestíveis ou óleos), aplicação tópica (cremes e pomadas) e sublingual (sprays ou tinturas).
Devido à complexidade dos canabinoides e ao efeito variável em cada indivíduo, a dosagem apropriada é usualmente alcançada através de um processo de titulação orientado por um médico qualificado na área.
Embora a cannabis medicinal seja geralmente bem tolerada, ela pode causar efeitos colaterais como tontura, boca seca, alterações de humor e, com menos frequência, distúrbios psicológicos. A interação com outros medicamentos é uma consideração importante, bem como o seu uso em populações vulneráveis.
A legislação sobre o uso de cannabis medicinal varia significativamente de país para país e, dentro de nações como os Estados Unidos, entre os estados. Portanto, é essencial informar-se sobre as leis locais relativas à aquisição e ao consumo de cannabis para fins medicinais.
Em muitos locais, a cannabis medicinal só pode ser adquirida com receita médica ou autorização. Farmácias especializadas ou dispensários são locais comuns de aquisição, muitas vezes exigindo registro do paciente.
O crescente interesse científico resultou em diversas pesquisas inovadoras que vão desde a melhoria das formas de administração de canabinoides até o desenvolvimento de variedades de cannabis com perfis canabinoides específicos para condições médicas particulares.
A pesquisa em cannabis é complexa devido a questões legais, diversidade química da planta e o desafio de padronizar tratamentos em uma planta com tantos componentes ativos.
A cannabis medicinal oferece um potencial terapêutico significativo para uma variedade de condições, respaldado por evidências científicas e aprovado por agências reguladoras em diversos contextos. Sua inclusão em protocolos de tratamento deve ser feita cuidadosamente e com supervisão médica, garantindo um uso responsável e baseado em evidências. A medida que a pesquisa avança, espera-se uma integração crescente da cannabis no âmbito da medicina convencional, possibilitando novas opções para pacientes e profissionais de saúde.