Publicado em:
5/4/2023
Mulher, médica cirurgiã, esposa, mãe, filha, amiga e uma pessoa incrível. No caso clínico de hoje, vamos compartilhar a jornada de emagrecimento de uma de nossas pacientes de 40 anos de idade - na melhor idade, provando que não tem ''idade certa'' para mudar e melhorar.
Contando um pedacinho da sua história, ela dividiu conosco que sempre lutou com a balança e queria finalmente perder peso para manter a longo prazo. Vem de um família na qual a obesidade está presente por gerações, alguns familiares próximos foram submetidos à cirurgia bariátrica e também já tentaram diversas formas para emagrecer.
Desde a adolescência luta com o peso e ao longo da vida emagrece e engorda em ciclos. Ganhou 22 kg em uma das gestações, já acompanhou com endocrinologista, usou Ozempic e outras medicações. Por fim, fez diversas dietas e emagreceu 33kg. Uma das maiores dores é depender do momento de vida em que estava, seja por trabalho, rotina, gestação, viagem, para manter a relação do controle do peso do corpo. E como em uma gangorra, o peso descia e subia.
Um dos pontos que observamos em relação à alimentação foi o treino em jejum, que no geral tende a consumir a massa muscular e não é uma boa estratégia para quem busca emagrecer. Pela manhã o consumo de proteína e fruta estava presente - excelente forma de acordar o nosso corpo. Ao longo do dia priorizava o consumo de vegetais, verduras e proteínas, porém por ter uma rotina corrida, e às vezes eram dias com maior volume de cirurgias acabava ficando muito tempo sem se alimentar e nesses momentos a fome, quando surgia, era grande.
Nunca se preocupou em pesar (quantificar) a comida e era um ponto que chamava atenção e pode interferir no emagrecimento, pois considera que a qualidade alimentar é algo que ela preza, mas come até a comida do prato se esgotar.
Conversamos sobre a importância de entender qual combinação de alimentos é mais interessante para cada organismo, pois mesmo mantendo uma alimentação rotulada como saudável, a composição corporal e o bem-estar dela ao longo do dia não estavam adequados. Abordamos muito sobre a nossa alimentação ao longo do dia, pois caso o nosso corpo não receba os nutrientes necessários, ao chegar no fim de um dia de trabalho, por exemplo, o nosso cérebro que passou o dia todo fazendo tarefas - algumas vezes sem um prazer ou recompensa imediatos - vai optar por algo no qual ele tenha o menor esforço possível e que gere uma recompensa rápida de prazer e bem-estar. E é aí que entra o nosso comer emocional.
Nos nossos primeiros dias reduzimos o peso em 7,2 kg, com manutenção da massa muscular (redução de apenas 120 g de músculo), sendo 7kg de gordura eliminados nesse período. Aqui vale dizer que cada corpo é único e a evolução é individualizada.
Quando começou a sua jornada na Liti (10/01/23), tinha engordado 5 kg no fim do ano. E tinha viagem agendada para março. Geralmente engorda em viagem, nesta comeu de forma tranquila e viu que não engordou. Manteve foco no aporte protéico e em escolhas conscientes, se guiando pelo plano alimentar que combinamos. Apresentou nas pesagens da bioimpedância oscilações compatíveis com a saída da rotina, mas foi um mês que durante a viagem se manteve e após a viagem ao retomar à rotina o corpo voltou aos trilhos e reduzimos mais 2,2 kg de peso.
Na primeira conversa ela relatou episódios de comer emocional, especialmente ao final do dia. Também trouxe que tinha muitos eventos sociais. Importante entender que sempre teremos eventos sociais e emoções que impactam a nossa alimentação e, por isso, ter ferramentas para lidar com essas situações é muito importante. Conversamos bastante sobre se comprometer previamente consigo mesma, decidindo o que comeria e o quanto.
Sem um olhar proibitivo, mas de controle sobre suas escolhas alimentares.
Um mês após começar a Liti, ela viajou de férias com a família e trouxe que foi muito natural fazer escolhas saudáveis, não sentiu vontade de doce e que quando comeu fora do planejado não se sentiu culpada, pois foram escolhas conscientes. Outro ponto que a favoreceu foi o que chamamos de ajuste de ambiente, não ter em casa alimentos que são difíceis de resistir e que fogem do plano de alimentação saudável.
Em nossa primeira conversa, contou sobre sua história de longo prazo com o peso e a luta contra a balança que nasceu quando, por um período de sua juventude, morou fora do país. A familiaridade com dietas, restrições e planejamentos alimentares eram visíveis e sua rotina alimentar dos últimos anos era uma rotina saudável com uma grande variedade de vegetais e nutrientes, mas ainda sim o processo de emagrecimento era difícil para ela.
Adaptamos o planejamento às suas necessidades e disponibilidade naquele momento, pensando em opções mais fáceis e gostosas para que a rotina alimentar não se tornasse uma parte ruim do dia. Trocamos de lugar alguns grupos de alimentos, adicionamos sabores e idéias e assim seguimos tendo o acompanhamento. Pelo whatsapp sempre que surge alguma dúvida de como adequar o plano nós pensamos na melhor opção para cada momento.
Antes da jornada Liti, costumava sentir bastante fome pelo final da tarde, provavelmente decorrente da falta de nutrientes durante o dia (menor quantidade de proteínas e fibras podem reduzir a saciedade do dia e do final do dia), hoje com um melhor aporte de proteínas tem mais controle do seu apetite.
Em nosso segundo encontro a evolução já foi evidente e com muitos resultados positivos, ainda que não tenha atingido o máximo de seu desempenho esportivo, a satisfação era notória e todo o resultado fruto de sua determinação em alcançar seus resultados.
Por ter a rotina cheia, praticidade é o que a move, mas sem deixar de lado o sabor. Juntas pensamos em preparações práticas para a semana e opções ainda mais gostosas para o final de semana, de acordo com as grandes possibilidades de cada tipo de alimentação.