Saúde

Gordura no fígado: qual o risco?

Publicado em:

20/12/2023

Atualizado em:
21/3/2024
Entendendo os Riscos da Esteatose Hepática

A esteatose hepática, doença caracterizada pelo excesso de gordura no fígado, acomete até 30% da população e pode aumentar o risco de cirrose e câncer hepático.

A esteatose hepática já acomete em torno de 20 a 40% da população e sua incidência só tem aumentado, uma vez que seus principais fatores de risco a obesidade, diabetes e dislipidemia (alterações dos níveis de colesterol) também apresentam tendência de crescimento constante no mundo todo.

Como sei que tenho esteatose?

A esteatose é uma doença que acomete o fígado na qual há um depósito excesivo de gordura no órgão.

A maioria dos casos de esteatose não apresenta sintomas, porém, algumas queixas inespecíficas como fadiga, mal estar, desconforto abdominal e aumento do volume hepático podem estar presentes.

Grande parte dos pacientes é diagnosticada em avaliações de rotina ou exames realizados por outros motivos. A ultrasonografia de abdome é o exame mais utilizado para o rastreamento da esteatose. Além disso, exames de sangue, como as enzimas hepáticas, podem ajudar a identificar se o excesso de gordura no fígado já está causando algum grau de inflamação hepática.

Como sei o quanto de gordura no fígado eu tenho?

A esteatose apresenta alguns graus que são determinados de acordo com a quantidade de gordura depositada nos hepatócitos (células que compoem o fígado).

Temos 3 graus de esteatose:

  • Grau I ou leve: a pessoa possui de 5 a 33% de gordura no fígado
  • Grau II ou moderada: possui de 34 a 66% de gordura
  • Grau III ou grave: possui mais do que 66% de gordura.

Como evitar a esteatose?

Embora alguns pacientes possam ter maior predisposição genética para o desenvolvimento de esteatose, a maioria dos quadros está associada à dieta inadequada e sedentarismo. Além disso, outros fatores indiretamente implicados ao estilo de vida também podem contribuir para o surgimento e progressão da esteatose, como a obesidade, diabetes, dislipidemias e o consumo de álcool.

O excesso de peso é tão relevante para o aparecimento da esteatose que até cerca 50% dos pacientes com obesidade apresentam algum grau de deposição de gordura no fígado e 80% dos pacientes com esteatose também apresentam obesidade.

Qual o risco?

Cerca de 20 a 30% dos pacientes com esteatose evoluem para esteatohepatite, que acontece quando esse acúmulo de gordura leva a uma inflamação. Esse quadro é identificado principalmente por exames de sangue, por aumento das enzimas hepáticas (TGO e TGP) dentre outros.

A esteatohepatite pode evoluir para fibrose, que nada mais é do que a tentativa do organismo em responder à agressão decorrente da esteatohepatite, levando a cicatrização. Por fim, pode haver a evolução para a cirrose hepática, que é uma alteração estrutural e funcional do fígado levando à insuficência hepática, aumento do risco do desenvolvimento de câncer hepático e até mesmo à necessidade de transplante.

Qual o tratamento?

Não há como se falar de esteatose sem abordar a necessidade da mudança de estilo de vida. Alimentação adequada, atividade física e a parada do consumo de álcool são fundamentais para a regressão da doença.

Alimentação

Uma alimentação rica em verduras, legumes e fibras deve ser a base da rotina para todos, mas é de fundamente importância para quem possui esteatose.

Além disso, castanhas, azeite de oliva, abacate e outros alimentos com boas gorduras e ricos em ômega 3, como o salmão, também possuem ação oxidante que tem efeito benéfico no controle da doença.

Outros sugestões são a cúrcuma, o açaí e o café.

Um ponto fundamental é que devem-se evitar a todo custos os picos glicêmicos, já que o aumento de glicose no sangue está associado também ao aumento da insulina, o que favorece o direcionamento da gordura circulante para ser depositada no fígado. Por isso, evite açúcar, sal, farinha refinada, alimentos que possuem gordura trans, carnes e laticícios gordurosos.

Atividade Física

A atividade é fundamental para um estilo de vida saudável, perda de peso e manunteção do peso perdido. A orientação geral é que qualquer pessoa pratique pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica por semana, idealmente em 3 a 5 sessões. Colocar momentos de alta intensidade durante os treinos também traz benefícios para o sistema cardiovascular e para o metabolismo como um todo.

Treinos de força também são muito bem vindos, já que a preservação e aumento da massa muscular de qualidade estão diretamente relacionados à maior saúde metabólica e melhor controle glicêmico. O recomendado é que se faça ao menos duas sessões de treinamento focado em força, como musculação, por semana.

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Parar de beber

Todo mundo sabe que o álcool é um grande vilão para a saúde do fígado. A absorção do álcool é feita em vários órgão, como a boca e o estômago. No entanto, são as células hepáticas as maiores responsáveis por transformar o álcool em outros podutos, como o acetaldeído, substância extremamente tóxica para o fígado. Quanto mais álcool a pessoa ingere, maior essa agressão hepática, que, em conjunto com a inflamação causada pelo depósito excessivo de gordura que acontece na esteatose, aumenta o risco de lesão hepática. Por isso, uma conduta fundamental para proteger a saúde do seu fígado é interromper o consumo de álcool. faz acelerar e impede a progressão do quadro

Medicamentos e Suplementos

Existem medicações que estão sendo estudadas e utilizadas para o tratamento da esteatose, porém elas são reservadas para os casos mais avançados de esteato-hepatite.

Dentre elas estão a metformina, a pioglitazona, as estatinas (quando o paciente também tem alteração do colesterol), o ácido ursodesoxicólico, além da vitamina E.

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Niezen S, Trivedi HD, Mukamal KJ, Jiang ZG. Associations between alcohol consumption and hepatic steatosis in the USA. Liver Int. 2021 Sep;41(9):2020-2023. doi: 10.1111/liv.15020. Epub 2021 Aug 5. PMID: 34297882; PMCID: PMC9330542.

Carr RM, Oranu A, Khungar V. Nonalcoholic Fatty Liver Disease: Pathophysiology and Management. Gastroenterol Clin North Am. 2016 Dec;45(4):639-652. doi: 10.1016/j.gtc.2016.07.003. Epub 2016 Oct 13. PMID: 27837778; PMCID: PMC5127277.

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Debora Terribilli da Costa

Escrito por

Debora Terribilli da Costa
CRM 134.833/ RQE 103.679
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